domingo, 31 de outubro de 2010

Lágrimas de chuva...

Gotas de chuva escorrem-me pelo corpo, caminho assim, levemente perdida na tristeza...Talvez hoje não me vejam chorar. As lágrimas confundem-se com a chuva, água em que afogo a alma, mar que me inunda o peito. Continuo a caminhar...olho para trás, as pegadas que ficam marcadas na lama, no passado que me segue, sombra que me aterroriza. Ainda levo o passado agarrado aos pés, restos de pó e de terra que a chuva não limpa. Mais lágrimas que caem, enquanto alguém passa por mim. Confundi-te, desta vez as lágrimas não são mais do que gotas de chuva...

domingo, 24 de outubro de 2010

Espero sentada enquanto o comboio não vem...Laivos de esperança desvanecem-se com o fumo que me sai da boca...Palavras? Não, não quero largá-las. Hoje as manhãs anoiteceram. O escuro deflagrou-me, tornou-se meu. Negro por dentro, o cinzento desta noite sem estrelas...E a espera continua. E o comboio não vem. Tento não pensar, não deixar que a mão pare perdida por entre as linhas deste papel. Não posso pensar. Não nesta espera...O frio cobre-me o corpo, o gelo interminável de esperança que me tenta envolver...Hoje não. Apaguem as luzes, os dias iguais que me fazem caminhar sem rumo. Lembro-me de não te recordar. De não pensar em ti. Perdi tudo num olhar apagado, no amor que sinto pelo que não tenho. Vejo a tua cara entre todos os que passam...Olham para mim, criança que não sabe o que é parar, não sabe que o silêncio talvez seja a melhor palavra. E nada chega. E a espera continua. A dor preenche-me a cabeça com vazio, não quero pensar, não agora.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Máscara incerta do destino,
ecos de passos que me rodeiam,
o silêncio morto que me ensurdece...
Palavras que ainda solto,
gritos de solidão que me quebram
na infertilidade da terra que um dia deixei...

domingo, 3 de outubro de 2010

Desespero...lágrimas não me deixam ver, não consigo ver o que escrevo, os dedos esfumam-se por entre o negro que me envolve...Fico cega por todos, por ti que nem existes, nesta fuga em que o fim vai ser a queda. Vou cair. Sempre caí, só tenho que correr para o meu destino...Nem isso vejo. A dor trespassa-me os olhos, os ouvidos, a dor tão profunda que me abre o peito num grito...Medo, pavor, a morte que quero que me preencha este vazio...Por favor, preenche-me este vazio. Enche-o de nada que é teu, do fim que não envolva ninguém...Faz-me sentir sozinha. Que os fantasmas se dissolvam, se desvaneçam...leva-os, preciso de sentir-me só. Tão só com este vazio, tão ligada a esse negro, até que sejamos apenas um...