quinta-feira, 25 de novembro de 2010

É tempo.
Sumir-me,
desaparecer por entre as ondas,
afogar-me por entre a espuma,
nas leves memórias dum futuro sem fim...
Acabou.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Cravei os dedos no coração.
Rodopio de palavras sujas de sangue,
uma mão marcada no teu corpo.
Fico assim, presa a ti,
às memórias de um passo incerto,
das pegadas que talvez se unam,
um dia, sem o saberem.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lisboa

Chegamos ao fim. À nossa volta Lisboa cobre-se aos poucos de noite, vemos todas as luzes de casas perdidas que se acendem…o que haverá lá dentro? Gritos de crianças, bebés que se recusam a dormir? Discussões, gritos, que palavras? Tentas roubar tudo o que ouves, tudo o que a cidade te permite ver…deixa-os. Não são teus…Pertencem a Lisboa, que nos abraça na confusão de espírito que nos deixa assolados, almas inférteis que deambulam pelos caminhos…Perdi-me. Mais um vez, perdi-me no meio de tantas estradas e ruas e pessoas…vagueio por entre todas as pedras do passado, a alma a esconder todos os desgostos e indecisões de sempre… “Será que devo virar aqui?”…Mais questões, perguntas que não recebem qualquer resposta…e as palavras, Lisboa? E as tuas palavras, os teus poemas? Também tu os perdeste. Morro por entre os gritos de desespero mudos que tento que escapem, nos passos com que tento quebrar o vazio. Lisboa agora parece negra. O céu cobriu-se de nuvens, deste cinzento que traz com ele a tristeza…porque choras? Cidade, porque choras? Todos sentimos cada lágrima que desliza por nós, pela cara, pelas mãos…deixemo-nos morrer. Morro por ti. No veneno que nos corre nas veias, que me obriga a amar-te, a correr para ti, a caminhar em todos os jardins…