sexta-feira, 10 de abril de 2015

Porque hoje há papéis, e letras e palavras. É tudo o que não quero ouvir. Hoje páro frente à linha de comboio sem dar um passo atrás. Um passo para a frente. Talvez outro? Abandonaste-me. Deixaste-me fria, sozinha atrás daquele banco em que nos apaixonámos, atrás do beijo que me deste. Outro passo, talvez seja agora. Escondida atrás dos jardins em que andámos de mãos dadas, entre lençóis em que nos amámos. Quero dar um passo, porque me estilhacei. Porque as lágrimas são levadas pelo vento e eu não as consigo juntar. Vejo-me reflectida no metal dos carris, um corpo inerte, uns olhos que não me vêem. Sozinha. Sozinha sempre. Agarrada às pegadas que deixámos juntos na terra do jardim, à sombra que não se solta de mim. Outro passo em frente.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Deixo o sangue escapar-me por entre os dedos,

as palavras gritam-me aos ouvidos.

Morrer, na sombra que me cobre,

na luz que desiste de me olhar.

As pegadas pregaram-se ao chão.